Planalto é surpreendido por grupo de índios e tem entrada principal fechada
Última atualização em 02 fevereiro 2015 às 00h00

Um grupo de 45 índios kayapó, da região de Novo Progresso, no sul do Pará, chegou de surpresa ao Palácio do Planalto na tarde desta segunda-feira (2), provocando o fechamento da entrada principal da Presidência.
Sem ameaça de invasão ou bagunça, eles reivindicaram a renovação de compensações por obras realizadas nas proximidades da área indígena. Uma delas é a pavimentação da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA).
Segundo o representante do grupo, Doto Takak-ire, os indígenas auxiliam o poder público no reflorestamento das áreas impactadas. Em troca, eles recebem recursos dos governos por meio de parcerias estabelecidas em Planos Básicos Ambientais (PBAs). O grupo já recebeu os recursos por cinco anos e agora cobra sua renovação.
“A descontinuidade do PBA-CI, além de colocar em risco iminente a sobrevivência física e cultural dos Kayapó pela pressão sobre os recursos naturais de suas terras, compromete os resultados já alcançados e a continuidade das ações complementares de outras fontes de financiamento”, diz documento distribuído por Doto, com assinatura do Instituto Kabu.
Os índios exigiram falar com a presidente Dilma Rousseff e com os ministros dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), do Meio Ambiente, Izabella Teixeira e da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT).
“Todos nós votamos em Dilma. Eu votei nela. Todos nós votamos e a gente está tendo muito problema com o governo. […] Ela precisa saber o que está acontecendo”, disse o representante do grupo, Doto Takak-ire.
O grupo foi recepcionado pelo assessor da Secretaria-Geral da Presidência, Tiago Garcia. Uma reunião imediata foi marcada com o secretário nacional de articulação social, Paulo Maldos, que deve viabilizar as reuniões com os ministros ou representantes das pastas. Para entrar no Planalto, os índios aceitaram deixar seus arcos e flechas na entrada do prédio principal.
FALTA DE DIÁLOGO
Segundo Doto, o grupo viajou de ônibus por dois dias até chegar a Brasília para procurar as autoridades. Ele afirmou que não procurou a Funai (Fundação Nacional do Índio) “porque não adianta”.
“Não tem como. Não queremos falar com a Funai. A gente quer falar com as pessoas lá de cima. Se a gente for falar com a Funai po jogo vai parar. Ninguém vai resolver. Não adianta falar com a Funai. Ela não leva o assunto adiante”, disse Doto.